quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Partida...


Só agora soube que você partiu....
Circunstâncias da vida fizeram com que nossos caminhos não mais fossem pelo menos próximos, e pudéssemos vez por outra dividir um pouco nossos mundos, sonhos e desejos.
Aprendi com você a verdadeira definição de amor incondicional. Na realidade não só aprendi, mas melhor que isso, vi acontecer. Vi a completa entrega por amor ao próximo.
Sempre admirei como você defendia a família, não só como instituição, mas como unidade. Ai de quem, de dentro ou de fora dela, ousasse desafiar seus “mandamentos”. Sabe que às vezes eu quase que lamentava não estar sob esse doce jugo?
E o que falar de sua capacidade de Renúncia? Quantas vezes vi você abrir mão de algo “seu” para atender a outro que por ventura desse algo se apossara? Na realidade acho que não é abrir mão, mas entregar o próprio coração.
Já sinto saudades. Já não sentirei o cheiro do café, que como por milagre aparecia sempre fresquinho quando chegava a sua casa.
Não mais verei seus cansados, mas ainda fortes braços chegarem carregados de bolsas, após uma verdadeira gincana pelos supermercados a cata das famosas “promoções”.
Seus passos hesitantes e descalços - pernas cansadas - não mais cruzarão perigosamente o terraço molhado alimentando as plantas que recebiam seus carinhos e cuidados.
E como poderei ouvir agora – independentemente de ser do meu gosto ou não - qualquer música de um Roberto Carlos, um Julio Iglesias ou mesmo de um Nelson Gonçalves que chegava até você com lembranças fortes e secretas.
Sua imagem permanece nítida em minha mente, seu sorriso protetor, seu senso de humor que superava qualquer contrariedade, seu ar de felicidade quando decretava “Vou para a rua”, tudo isso serve um pouco de consolo neste momento que reluto em aceitar a sua perda.
A razão me puxando para a realidade sussurra em meu ouvido: “É a lei natural da vida, não vivemos para sempre”. Procuro entender, superar a dor, deixar prevalecer o conceito frio de nossa finita existência.
Ainda que eu tenha que aceitar, ainda que a razão pura tenha que prevalecer, ainda que sua partida tenha sido dolorosamente natural, meu coração, escapando da consciência lógica, insiste em perguntar:

“Por que ter que ir para o céu, se você já era um anjo aqui?”




Para Lourdes - 15/06/09

quarta-feira, 3 de junho de 2009

SUTILMENTE

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe



E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

Samuel Rosa/Nando Reis